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O Cringe na Sociedade: Psicóloga da UMC faz analise do termo do momento nas redes sociais

Nas últimas semanas o termo “Cringe” ganhou destaque na mídia e nas redes sociais. Mais conhecido pela geração Z (nascidos entre 96 e 2010), a gíria é utilizada para se referir a uma “vergonha alheia”. O termo viralizou na internet após um choque de gerações, já que os jovens acusavam os Millenials (geração de quem nasceu entre as décadas de 1980 e 1990) de serem cringes.

Nós conversamos com a psicóloga Andrieli Bianca, professora da UMC, e ela analisou o tema na sociedade e nos deu uma ideia do porquê o “cringe” fez tanto sucesso.

1 – Porque você acredita que o termo “cringe” fez tanto sucesso na sociedade?

É comum observamos diferenças entre as gerações. Com a nova polêmica do que poderia ser caracterizado como apropriado para o momento, houve uma mobilização nas redes sociais para compreender a que grupo pertenciam e quais seriam os “comportamentos considerados adequados” para determinada faixa etária.

2 – Como o termo abalou o comportamento da sociedade?

A busca por um comportamento socialmente adequado pode ter levado algumas pessoas a sentirem-se inadequadas ao período em que a sociedade vive. Aquilo que acreditava-se ser da época, passou a ser considerado vergonha para outras gerações, o que pode ter mobilizado algumas pessoas a buscarem conhecer o que a geração Z considera como ultrapassado.

3 – Após o sucesso do cringe, vivemos um choque de gerações, com uma geração querendo ser mais jovem que a outra. Você acha que com esse choque, muitas pessoas vão ter a dificuldade de se aceitarem mais velhas?

Sim, com certeza isso impactará nas relações. Quando falamos em trabalho intergeracional, ressaltamos a importância de aprender com o outro e respeitar o processo de aprendizagem de cada um. O que observamos aqui é um processo inverso, no qual se destaca o comportamento do outro como inaceitável, como envelhecido socialmente.

Não podemos esquecer que isso ocorre em um país em que se nega o envelhecimento, fato observado pelo número de cirurgias plásticas realizadas, e em um momento em que a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), que entrará em vigor em janeiro de 2022, adicionará a velhice como doença, o que dificultará o processo de compreensão e aceitação do próprio envelhecimento.

4 – Com essas novas gírias e tendências da geração Z, você acha que as pessoas em si sentem a necessidade de se atualizar?

Acredito que temos que observar como será o comportamento das pessoas. O que pode ocorrer são comportamentos como a de querer se adequar ao que é considerado socialmente adequado para agradar aos outros, desconsiderando aquilo que lhe faz bem, gerando-lhe sofrimento.

5 – Por que a Internet só fala disso? Como algo simples pode influenciar tantas pessoas?

As Redes Sociais são movidas pelo pertencimento, observamos mudanças importantes entre as gerações que favorecem a uma compreensão de mudanças comportamentais. Um exemplo é a mudança de uma geração com características individuais sendo substituída por outra que ressalta a necessidade de ser diferente, falar em nome do outro, com narrativas que reafirmam valores. Acredito que essa brincadeira com as gerações possa trazer aprendizados e maior compreensão para um diálogo construtivo.

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