O 1º Simpósio Interdisciplinar de Políticas sobre Álcool e Outras Drogas, promovido em parceria entre o PPGPP e o Conselho Municipal de Políticas sobre Álcool e Outras Drogas de Mogi das Cruzes (COMAD), também foi considerada uma das ações de destaque do Programa pois exemplifica o impacto da integração entre universidade, gestão pública e sociedade civil.
A realização do simpósio evidenciou o potencial do PPGPP em contribuir de maneira direta para o enfrentamento de questões complexas e sensíveis do território, promovendo a escuta qualificada de diferentes atores, o debate interdisciplinar e a produção de soluções inovadoras. O evento envolveu acadêmicos, profissionais da saúde, promotores de justiça, conselheiros municipais, representantes de organizações sociais, usuários de substâncias psicoativas e familiares, totalizando um público diverso, plural e participativo.
A temática do uso de álcool e outras drogas representa um dos maiores desafios contemporâneos das políticas de saúde, educação, cultura, assistência social, segurança pública e direitos humanos. O simpósio possibilitou a construção de um espaço de diálogo democrático sobre o tema, em contraposição a abordagens estigmatizantes e reducionistas que ainda predominam em diversos contextos.
A escuta de experiências e saberes de profissionais e usuários possibilitou o mapeamento de demandas reais dos serviços públicos, e serviu como ponto de partida para o aprimoramento das estratégias municipais. A troca de experiências entre os diferentes níveis de atuação — da gestão à ponta dos serviços — gerou subsídios para a reformulação das diretrizes do COMAD e para o fortalecimento da rede de atenção psicossocial do município.
A presença de promotores de justiça e de representantes da Defensoria Pública no evento também fortaleceu o debate sobre garantias de direitos, justiça restaurativa e políticas de redução de danos, promovendo uma abordagem mais humanizada e integrada da problemática.
O simpósio teve um papel fundamental na formação dos discentes do PPGPP. A organização do evento contou com a participação ativa de alunos, que estiveram envolvidos desde a construção da programação, até a mediação de mesas e a sistematização dos resultados. Essa atuação permitiu que os estudantes vivenciassem, de forma prática os desafios da intersetorialidade e da escuta qualificada, ampliando suas competências para a atuação em contextos complexos e vulneráveis.
Além disso, os debates gerados no simpósio subsidiaram projetos de pesquisa e extensão em andamento no Programa, fortalecendo a articulação entre ensino, pesquisa e prática social. Muitos dos temas abordados — como políticas de atenção à juventude, abordagens terapêuticas alternativas, justiça restaurativa e enfrentamento da violência institucional — tornaram-se temas de interesse para novos projetos de dissertação, reforçando o compromisso do PPGPP com uma produção de conhecimento aplicada e comprometida com a transformação social.
O envolvimento de usuários e familiares no evento proporcionou uma escuta ativa da sociedade civil organizada, rompendo com a lógica do evento acadêmico verticalizado. A inclusão desses sujeitos como protagonistas do debate ampliou a compreensão sobre as realidades vividas nas margens da política e dos direitos, gerando um processo de empoderamento coletivo.
O evento contou também com intervenção cultural, como a apresentação do Coral Novo Tempo (CAPS AD III) – Teatro, música e poesia, os integrantes realizaram uma apresentação impactante sobre invisibilidade, marginalização, luta e dignidade.
A visibilidade do evento nas mídias locais e em canais institucionais contribuiu para fortalecer o papel da UMC como agente público no território, comprometido com a dignidade humana e com a promoção da cidadania. A repercussão do simpósio também fortaleceu as articulações entre universidade e poder público, culminando em novas parcerias com secretarias municipais, conselhos e instituições de acolhimento.
O simpósio permitiu, ainda, reflexões críticas sobre os modelos tradicionais de tratamento e punição, abrindo espaço para o diálogo com movimentos sociais e profissionais que atuam com metodologias mais inclusivas, como a redução de danos, o cuidado em liberdade e a promoção de territórios saudáveis.
Ao realizar um evento com forte envolvimento intersetorial e com abordagem crítica, o PPGPP reafirmou seu compromisso com a interdisciplinaridade, com a justiça social e com os direitos humanos. A organização do simpósio não se limitou ao debate teórico, mas avançou na construção de caminhos práticos, possíveis e territorialmente localizados para as políticas públicas no campo das drogas.
A metodologia adotada — com mesas temáticas, rodas de conversa, exibição de documentários e momentos de escuta comunitária — promoveu um formato inovador de evento acadêmico, pautado na horizontalidade e no respeito à diversidade de saberes. Essa abordagem rompe com formatos tradicionais e contribui para a consolidação de novas formas de produzir e compartilhar conhecimento em políticas públicas.
Além disso, o simpósio representou um espaço de experimentação institucional, reunindo diferentes linhas de pesquisa do Programa (saúde, meio ambiente, cultura, educação, cidadania), o que fortaleceu o caráter transversal da formação oferecida pelo PPGPP.
Entre os principais desdobramentos do simpósio está a criação de um grupo de trabalho permanente entre o PPGPP e o COMAD, com o objetivo de ampliar a articulação entre pesquisa e formulação de políticas. Esse grupo tem atuado em projetos de capacitação de profissionais da rede, revisão dos fluxos de atendimento, análise da política municipal sobre drogas e elaboração de novos indicadores para avaliação de ações.
Pode-se considerar que o 1º Simpósio Interdisciplinar de Políticas sobre Álcool e Outras Drogas causou impacto na formação acadêmica, no aprimoramento da gestão e impacto nas políticas públicas sociais, de saúde, de educação e cultura. Trata-se de uma iniciativa que rompe com abordagens tradicionais e promove uma perspectiva mais humana, crítica e intersetorial da questão das drogas, dialogando com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (especialmente ODS 3 – Saúde e Bem-estar, ODS 10 – Redução das Desigualdades e ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Eficazes).
Ao consolidar pontes entre universidade e sociedade, entre teoria e prática, o simpósio contribui para transformar realidades, formar sujeitos críticos e ampliar a capacidade do Programa em produzir conhecimento relevante e socialmente referenciado