1ª Ação pelas Abelhas

A 1ª Ação pelas Abelhas, promovida pelo PPGPP trata-se de uma ação de extensão de natureza interdisciplinar, realizada ao longo de um ano, e que resultou na realização do primeiro encontro de apicultores e meliponicultores da Região do Alto Tietê, reunindo produtores, pesquisadores, cooperativas, órgãos públicos e instituições de ensino técnico e superior.

O projeto nasceu da necessidade de responder a desafios reais enfrentados pelos produtores de mel da região, como a ausência de regularização sanitária, dificuldades de acesso ao mercado formal, desconhecimento sobre as potencialidades da flora local e baixa valorização comercial do produto. Coordenado por docentes do PPGPP em parceria com a Cooperativa Agrícola Mista do Alto Tietê (CAMAT), o SEBRAE, a FATEC de Mogi das Cruzes e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), o projeto mobilizou conhecimentos das áreas de políticas públicas, direito ambiental, saúde coletiva, agronegócio e educação ambiental.

A ação teve grande relevância ao incentivar a conservação de espécies nativas e a valorização da biodiversidade local. As abelhas desempenham papel essencial para a polinização e a manutenção dos ecossistemas, especialmente na região da Mata Atlântica, onde está situada a Serra do Itapeti. A ação contribuiu para promover a conscientização ambiental dos produtores e da população, destacando a importância das abelhas para a segurança alimentar, para os serviços ecossistêmicos e para o equilíbrio da cadeia produtiva.

Além disso, os participantes foram instruídos sobre práticas sustentáveis de manejo, reflorestamento com espécies nativas melíferas, uso responsável da terra e preservação de áreas de matas ciliares. Tais práticas, associadas ao incentivo à apicultura como atividade complementar à agricultura familiar, promovem o desenvolvimento sustentável com geração de renda e conservação ambiental simultaneamente.

No campo social e econômico, os impactos foram significativos. Muitos apicultores que participaram da ação conseguiram, pela primeira vez, registrar seus produtos formalmente, obtendo certificações sanitárias e abrindo novos canais de comercialização. O conhecimento técnico e jurídico oferecido durante o ciclo de formações permitiu que os produtores compreendessem os trâmites legais para registro no SISP (Sistema de Inspeção de Produtos de Origem Animal) e acessassem editais públicos e mercados institucionais, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

A valorização do mel como produto de origem controlada e com qualidade diferenciada agregou valor à cadeia produtiva local, fortalecendo o arranjo produtivo regional e promovendo autonomia financeira aos pequenos produtores. A ação também estimulou a inclusão de mulheres e jovens no processo produtivo, contribuindo para a diversidade e equidade no campo.

A participação ativa de docentes, discentes e egressos do PPGPP na concepção, execução e avaliação do projeto proporcionou um ambiente de aprendizagem interdisciplinar e prática. Discentes contribuíram em atividades como levantamento de dados, diagnósticos socioeconômicos, oficinas formativas, produção de materiais educativos e construção coletiva de soluções.

Essa experiência gerou resultados acadêmicos concretos, como apresentações em eventos científicos, submissões de artigos e produção de uma dissertação de mestrado, que analisou a apicultura em cinco municípios do Alto Tietê. Além disso, a ação possibilitou aos alunos o contato direto com políticas públicas aplicadas e com a escuta ativa dos sujeitos dos territórios, qualificando sua formação para atuação em contextos reais e complexos.

Um dos diferenciais da 1ª Ação pelas Abelhas foi a sua capacidade de articulação institucional. O projeto estabeleceu redes duradouras entre universidade, poder público, cooperativas, entidades de extensão rural e produtores, criando um ecossistema colaborativo em torno da valorização da apicultura local sustentável. Essa rede resultou em novas frentes de pesquisa, incluindo estudos de bioprospecção dos componentes do mel, potencial terapêutico de produtos apícolas e catalogação da flora apícola da região.

A ação também promoveu inovação ao integrar práticas tradicionais da meliponicultura com tecnologias e saberes científicos, respeitando os conhecimentos locais e fomentando novas práticas produtivas, como o uso de indicadores socioambientais na avaliação dos apiários.

A ação obteve ampla visibilidade na imprensa local e regional, sendo destaque em veículos como o G1 e o Portal News. Além disso, foi objeto de reportagens que abordaram a importância das abelhas para o equilíbrio ambiental e a sobrevivência da humanidade, contribuindo para a sensibilização da sociedade sobre o tema. Também integrou a pauta de políticas públicas ambientais e agroecológicas em conferências e encontros de conselhos municipais e estaduais.

O reconhecimento acadêmico da ação foi reforçado pela publicação de resultados em revistas científicas, apresentação em eventos técnico-científicos e pelo envolvimento direto de egressos do Programa, como a pesquisadora Andressa Moura, demonstrando a sustentabilidade institucional da ação ao longo do tempo.

Entre os desdobramentos, destacam-se: a continuidade do diálogo entre o PPGPP e os produtores; a formulação de políticas públicas locais voltadas ao fortalecimento da apicultura; a participação do Programa em conselhos de meio ambiente e de agricultura sustentável; e o envolvimento de novos discentes em projetos de iniciação científica, mestrado e extensão.

Também está em andamento a elaboração de uma cartilha educativa sobre boas práticas na apicultura sustentável, a ser distribuída em escolas, feiras e cooperativas, ampliando o alcance pedagógico da ação.

A 1ª Ação pelas Abelhas reafirma o compromisso do PPGPP com a formação de profissionais sensíveis à realidade territorial, capazes de integrar conhecimento técnico, participação social e valorização cultural para promover o desenvolvimento sustentável. A ação produziu impactos mensuráveis na cadeia produtiva local, no empoderamento de comunidades, na conservação ambiental e na qualificação da política pública voltada ao setor agrícola.

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